Publicado em: 27/04/2020 13:13:18
Pesquisa apresentada pela universidade confirma crescimento de contaminados após relaxamento de isolamento
Por HENRIQUE FERREIRA
Checagem 24/04/2020
No último domingo, 19, o Governador do Estado de Rondônia, Marcos Rocha, concedeu entrevista ao site Direita de Rondônia, para tratar sobre alguns pontos importantes relativos às medidas do governo no combate à pandemia do novo coronavírus. Na live, que você pode assistir na íntegra aqui, o governador se dispôs a responder perguntas encaminhadas à mesa, na qual estavam presentes o secretário de Saúde, Fernando Máximo, e o secretário de Finanças, Luiz Fernando.
A primeira pergunta feita diz respeito aos dados divulgados de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Rondônia (Unir) e qual era o posicionamento do governo sobre. Segue a resposta do governador:
“O professor Tomás chegou a um número adequado. Ele fez de verdade uma formulação e conseguiu chegar aos casos reais que nós temos hoje no Estado próximos [sic], um pouquinho pra mais ou pra menos, mas ele chegou aos números que temos hoje e esse trabalho está sendo feito semanalmente.”
#NaMosca
O trabalho ao qual o governador se refere é um trabalho conjunto do professor doutor Tomás Daniel Menendez Rodriguez e da professora doutora Ana Lúcia Escobar, ambos da Unir. Como afirmou Marcos Rocha, esse trabalho tem previsão semanal. Na primeira semana de previsão, o estudo apontou um crescimento de 225% entre os dias 9 e 15 de abril. Os números oficiais divulgados nesse mesmo período apontam um crescimento de 260%. Os números da segunda semana de previsão trazem três possíveis cenários para os dias 17 a 23 de abril. Entre eles, o pior quadro é o do relaxamento do isolamento, e com esses números há o seguinte comparativo: os dados oficiais apontam um crescimento de 227%, enquanto os dados previstos na pesquisa são de 278%.
Conforme os dados analisados, tanto na fala do governador quanto nos dados apresentados na pesquisa, vemos que esses dados convergem quando considerado o pior cenário previsto pelos pesquisadores da Unir. Confira os dados da projeção diária com o comparativo:
E os dados do Cremero?
Ainda no princípio da live o governador Marcos Rocha se refere a outro estudo, este conduzido pela professor Ana Escobar e pelo médico e também professor da Unir, Vinícius Ortigosa. Ao tratar deste estudo Marcos Rocha ironiza e os chama de Teoria do Caos: “Eu fiquei sinceramente assustado com aqueles dados... no dia 15 de abril teríamos 5 mil casos confirmados e 25 mil infectados que não teriam feito o exame… Nós teríamos 750 casos de internação e a gente verifica que isso não aconteceu. Isso aqui é uma teoria do caos mesmo, um apocalipse. Se a gente for observar, no dia 2 de maio o número de infectados no estado de Rondônia séria de dois milhões e quinhentas mil pessoas, sendo que no nosso estado temos apenas um milhão e oitocentas mil pessoas”.
Este estudo foi apresentado em evento na sede do Conselho Regional de Medicina de Rondônia, Cremero, no dia 27 de março, e faz previsões sobre o que seria um possível cenário para o espalhamento da Covid-19 em Rondônia. No estudo se prevê que, em um cenário extremo, Rondônia teria até 500 mil infectados no dia 02 de maio, e ainda considera que, para cada infectado identificado, outros cinco teriam a doença sem diagnóstico. Com base na evolução dos números gerados pela projeção, os médicos apresentam o que seria a necessidade de profissionais de saúde, leitos convencionais e de UTI que rondônia demandaria.
Na apresentação realizada os médicos e professores Vinícius Ortigosa e Ana Escobar frisaram que se tratava de uma projeção considerando um cenário em que não haveria qualquer medida paliativa, como por exemplo o isolamento social e restrição de atividades, como aulas e funcionamento do comércio. Já quanto à afirmação de Marcos Rocha sobre a relação entre a população de Rondônia e a projeção feita pelos pesquisadores, claramente trata-se de uma extrapolação simples feita por ele, a partir da informação apresentada no relatório dos médicos quando diz que para cada caso identificado poderão haver até cinco não sem diagnóstico.
Fonte: ARUANA