Publicado em: 28/06/2020 21:40:32
Número de casos de Covid-19 nas redes municipal e particular de Porto Velho comprovam que as crianças são menos suscetíveis ao vírus
Por Diogo Marques
O assunto coronavírus é quase inevitável e se torna ainda mais relevante quando é relacionado às crianças. Por esse motivo, a Dra Melina Kuroda, pediatra da capital rondoniense, resolveu gravar um vídeo com a finalidade de tranquilizar pais e responsáveis a partir da sua observação pessoal e do contato diário com os outros médicos da área acerca da situação geral da Covid-19 em Porto Velho, quando associada ao público infantil. O vídeo foi postado em seu perfil pessoal no Facebook em 23 de junho, às 22h59, e tinha, até este sábado, 27, dia do fechamento desta checagem, 1,6 mil compartilhamentos, 245 comentários e 531 reações.
No vídeo, a Dra Melina cita, entre outras coisas, como o protocolo do Ministério da Saúde recomenda o atendimento em pediatria, mas o que mais chamou atenção em meio ao número crescente de pessoas infectadas, internadas e que vão a óbito todos os dias foi quando ela afirmou que “as crianças estão bem”, se referindo, de maneira geral, às infecções por Covid-19 no mundo, mas particularmente em Porto Velho. Ela explica o porquê de as crianças serem menos acometidas pela doença: “As crianças têm menos receptores de angiotensina tipo II, que é o receptor que o vírus usa para entrar na célula. Por terem menos receptores, o vírus tem uma ação menos agressiva nas crianças”. “Em geral, elas não estão apresentando dificuldades respiratórias ou toxemia[intoxicação resultante do acúmulo excessivo de toxinas endógenas ou exógenas no sangue]”, completa a pediatra.
#NaMosca
Com o objetivo de explicar o significado da expressão “as crianças estão bem” e esclarecer o protocolo de atendimento pediátrico para os casos relacionados ao coronavírus, ARUANA conversou com a Dra Melina, levantou dados junto à Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e à Secretaria de Estado de Saúde de Rondônia (Sesau) e ainda obteve o Fluxo de Manejo Clínico Pediátrico na Atenção Especializada, do Ministério da Saúde.
Inicialmente, a Dra Melina, contou que, via de regra, os pais chegam às unidades de saúde, clínicas e hospitais angustiados pela situação dos seus filhos e preocupados com um possível agravamento da doença. Ela explicou que o protocolo do Ministério da Saúde (MS) não prevê exames específicos ou tratamento contra o coronavírus em crianças nos quadros leves, exceto se elas apresentarem sintomas específicos. “Ainda que seja necessária - destacou a médica - a intervenção ocorre de forma simples, com repouso, hidratação, lavagem nasal e a prescrição de medicamentos como dipirona ou tylenol, dependendo dos sintomas”.
A fim de corroborar com a afirmação da médica, o Boletim Epidemiológico nº 10, de 19 de junho, mostra as estatísticas atuais do acumulado dos casos de coronavírus em crianças na capital rondoniense. Desde o início das infecções em Porto Velho, foram registrados 136 casos confirmados de Covid-19 em pacientes de 0 a 9 anos, que representa 1,5% do total no município, sem a ocorrência de óbitos.
Da mesma forma, pais e responsáveis se preocupam com a disponibilidade de leitos para o caso da necessidade de internação clínica ou intensiva. Esse quesito, mais uma vez, mostra que as crianças, de fato, parecem estar menos suscetíveis ao vírus em comparação com os adultos. Até o dia 24 de junho, segundo o Relatório de Ações nº 82/2020, a rede hospitalar privada contava com sete dos dezesseis leitos para internação. O detalhe mais importante nesse levantamento é que existiam, até a data mencionada, mais crianças internadas por outros problemas de saúde do que por Covid-19. Enquanto isso, na rede municipal, que só opera leitos clínicos (UTI somente nas redes privada e estadual), existia uma criança com suspeita de coronavírus e a disponibilidade de cinco leitos, o que configura uma taxa de ocupação de 16,7%.
Sendo assim, nota-se que, até o presente momento e de acordo com as explicações da Dra Melina, as crianças formam o grupo menos impactado pelo coronavírus. Tal fato pode ser confirmado observando as estatísticas disponíveis publicamente pela Sesau e pela Semusa. Por esse motivo, ARUANA junta-se à pediatra para tranquilizar os pais e responsáveis, pedir que observem os sintomas dos pequenos, respeitando as orientações do MS, antes de levá-los para a unidade de saúde mais próxima e que mantenham as medidas de higiene e distanciamento social, segundo a cartilha do Ministério da Saúde voltada para o público infantil.
Fonte: ARUANA