Publicado em: 07/07/2020 21:37:15
Médica afirma que existe relação entre o uso da cloroquina e possíveis desocupações nos leitos privados.
Por ARUANA
No dia 1ºdo mês de junho, no site de notícias UOL, foi publicado na coluna de Diogo Schelp um texto da médica imunologista e oncologista Nise Yamaguchi em resposta a críticas que recebeu de outro profissional da saúde, feitas também no UOL, por defender o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para combater o coronavírus em casos cujos pacientes tenham a confirmação ou suspeita da doença e apresentem sintomas leves. Na publicação, a médica afirma que os leitos nos CTIs de diversos convênios médicos estão se esvaziando em decorrência da utilização desses medicamentos.
#Então...
A protocolização do uso da cloroquina e hidroxicloroquina foi publicada no dia 20 de maio pelo Ministério da Saúde (MS), mesmo contrariando as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e instituições brasileiras como o Conselho Nacional de Saúde (CNS). No dia 28 do mesmo mês, o site da UOL publicou uma matéria dizendo que planos de saúde privados, fornecendo exemplos como Prevent Senior, Hap Vida e Unimed já orientavam seu uso, inclusive realizando sua distribuição gratuita mesmo antes da regulamentação, como anteriormente noticiaram os portais do G1 e Terra.
Quanto ao “esvaziamento” dos leitos nos CTIs privados em consequência da prescrição da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes, não constam pesquisas ou informações oficiais que comprovem o fato. Os medicamentos ainda estão sendo estudados e não tem eficácia cientificamente comprovada contra o novo Coronavírus, conforme as Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19 publicado pelo Ministério da Saúde no dia 17 de abril deste ano, que em sua página 10, na primeira linha da tabela que trata dessas substâncias, diz que “As evidências identificadas ainda são incipientes para definir uma recomendação. A literatura apresenta três estudos clínicos, com resultados divergentes, sobre o uso de hidroxicloroquina.” No protocolo do MS do dia 20, página 7, nota 1, consta que “ainda não há meta-análises de ensaios clínicos [...] que comprovem o benefício inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19. Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente.”
A página especial do MS para o Coronavírus disponibiliza gráficos, com a quantidade de leitos públicos por estado e também com os números referentes aos suportes locados, sem contudo dispor do total nos convênios privados. O site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde, que regula o mercado de planos privados de saúde, também não fornece dados sobre os apoios particulares. Podemos obter informações diárias quanto aos leitos ocupados tanto na rede pública quanto privada nos boletins oficiais diários fornecidos pelas secretarias municipais e estaduais de cada região. Portanto, até o momento, não há uma rede nacional organizada de materiais informativos referente às bases hospitalares na rede privada.
A Aruana solicitou informações do quadro generalizado de leitos no Brasil pelo E-Sic da ANS no dia 10 de junho. Obtivemos resposta no dia 3 de julho, porém, tratava-se de uma orientação de como obter dados sobre o que foi perguntado. Na mensagem constavam links que conduzem à páginas explicando alguns conceitos de saúde e procedimentos ambulatoriais e hospitalares por estado. Nada que esteja relacionado ao número de postos de internação.
Logo, as afirmações da médica referentes ao tratamento e cura do coronavírus pelo manejo da cloroquina e hidroxicloroquina ainda não possuem sustentação oficial ou científica, bem como ainda não há comprovada relação entre o manuseio desses medicamentos com possíveis desocupações de leitos pertencentes aos convênios particulares de saúde. O que percebemos é a grande ocupação desses postos, em muitos estados atingindo seu limite devido o avanço da doença.
Fonte: ARUANA